E é na roda que se tem noção dos participantes

E a trama familiar só conhece quem está lá dentro. E é difícil, sempre. Cada família com o seu drama, com sua neurose. E cada familiar carrega as consequências dessa trama. E no fim, no fim é sempre você e você. No fim você descobre que já é grande, que já tem consciência do problema, da fonte do problema e que deve ter força suficiente para superá-lo, caso seja do interesse.

Estar em analise é estar em contato consigo e com tudo o que isso possa significar. É entender o quanto você é influenciado e passa boa parte da sua vida tentando livrar-se dos fantasmas que, hora são seus, hora são dos outros, e isso não faz a menor diferença, no final são só seus. É entender o tanto que as pessoas fogem de seus fantasma e acabam se esbarrando com eles em alguma esquina, esquinas que podem ser os outros, dos outros, em outros, em si. Estar em análise é ser você, em qualquer momento, e sofrer as consequências de ser em um mundo de seres que não são. É enxergar de forma diferente, é não se deixar levar, é pensar, pensar, pensar,e, no final, chegar a conclusão que é necessário pensar mais um pouco, porque o problema está lá atras, está aqui, está ali. O problema é profundo e encontra-se em algum emaranhado de coisas. E, como em qualquer outra situação, é sempre difícil fazer alguma coisa em um emaranhado. E embora em estado normal eu pudesse resumir o "estar em análise" em poucas linhas, como estou em análise, precisei de muitas letras para falar que estar em análise é estar em reticências. E no final estar em lugar nenhum, na verdade, é estar em busca de um lugar.